sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Tragédia em Santa Catarina

Soma de fenômenos criou caos. E ele pode se repetir

As chuvas que provocaram uma tragédia no estado de Santa Catarina nas últimas duas semanas foram o resultado de uma série de fenômenos naturais previsíveis, que podem voltar a se repetir ainda neste verão, estação que se inicia no próximo dia 21 de dezembro. O alerta é de José Antonio Marengo, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU.

Apesar de não relacionar os recentes acontecimentos do litoral catarinense ao aquecimento global, Marengo admite que períodos de chuvas intensas estão ficando cada vez mais constantes nas regiões Sul e Sudeste do Brasil nos últimos 50 anos, período marcado pela elevação nas temperaturas médias do globo. Chuvas intensas podem acontecer no futuro com mais freqüência. Se as cidades estiverem preparadas, poderemos reduzir o número de mortos e desabrigados”, ressaltou ele.

De acordo com o pesquisador, esse fenômeno foi previsto com antecedência. "O que não foi previsto foi o impacto, os danos.Essa não foi a primeira grande enchente em Santa Catarina. O estado presenciou pelo menos outras três tragédias nas últimas três décadas: em 1974, 1983 e 1995. A cheia de 1983 foi tema de uma reportagem de capa de VEJA, intitulada O Sul na guerra das águas. Naquela ocasião, havia quase 400.000 desabrigados na região.

Ganhando força - De acordo com a metereologista Laura Rodrigues, coordenadora de previsão do tempo do Centro de Informações de Recursos Ambientais e Hidrometereologia de Santa Catarina (Ciram/Epagri), o encharcamento do solo provocado por uma primavera chuvosa nos meses de setembro, outubro e novembro e o recuo das águas dos rios causado pelo alto nível do mar foram os fatores que provocaram as enchentes da região norte do litoral catarinense.

Um ciclone extratropical no Atlântico sul empurrou as ondas para a costa, provocando a maré alta e impedindo que os rios desaguassem no oceano", explica ela. "Sem ter para onde ir, as águas dos rios invadiram as margens, ganhando maior força com o volume das fortes chuvas. No fim da semana passada, mais de 78.000 pessoas estavam desabrigadas ou desalojadas em função da soma de fatores que levou à maior calamidade de um estado que registra grandes enchentes desde 1862.

matéria retirada do jornal Estado de São Paulo 01-12-2008

sábado, 29 de novembro de 2008

A origem da Salinidade do oceano

[editar] A origem da salinidade do oceano
As teorias científicas para explicar as origens do sal marinho começaram com Edmond Halley, em 1715, que propôs que os sais e outros minerais foram transportados para o mar pelos rios, tendo sido sugado da terra por queda da chuva, lavando as rochas. Ao alcançar os oceanos estes sais seriam retidos e concentrados pelo processo de evaporação (veja Ciclo hidrológico) que removem a água. Halley notou que do pequeno número de lagos no mundo que não têm saídas para o oceano (como o Mar Morto e o Mar Cáspio), a maioria tem alto teor de sais. Halley denominou este processo de "intemperismo continental".
A teoria de Halley estava correta em parte. Ou seja, o sódio foi sugado do fundo do oceano quando os oceanos se formaram. A presença dos outros elementos dominantes como cloreto, resultaram do escape de gases do interior da terra (na forma de ácido clorídrico), por vulcões e fontes hidrotermais. O sódio e o cloreto então se combinaram para formar o constituinte mais abundante da água do mar, o cloreto de sódio.
A salinidade do oceano tem-se mantido estável por milhões de anos, provavelmente como uma conseqüência de um sistema tectônico/químico que recicla o sal. Desde o surgimento do oceano, o sódio não é mais libertado pelo fundo do oceano, mas é capturado de camadas sedimentares que cobrem o leito do oceano. Uma teoria diz que a tectônica de placas faz com que o sal seja forçado para baixo das massas continentais, onde é lentamente trazido de volta à superfície. Outra fonte importante é o que chamamos de Água Juvenil, este material é proveniente do interior da Terra e sai por meio de fenômenos como o vulcanismo. Esta água nunca esteve na superfície da Terra, por isso leva o nome de água juvenil.

domingo, 2 de novembro de 2008

Mapa mundi

Crise na economia mundial

Imprimir E-mail


A crise da economia mundial fica cada vez mais evidente. Vários comentaristas colocam que a crise vai ser a pior desde a depressão dos anos 30, mesmo se os representantes das grandes instituições capitalistas, para manter a credibilidade do sistema, tentam manter a imagem de que as coisas não vão tão mal assim.

A crise afeta trabalhadores e pobres do mundo inteiro. O desemprego aumenta ao mesmo tempo em que os preços dos alimentos explodem. Também nos países mais ricos do mundo, os trabalhadores são forçados a pagar o preço de uma crise pela qual eles não são culpados.

No Japão e na Zona do Euro (15 países europeus, incluindo as maiores economias como Alemanha, França e Itália) a economia já teve um crescimento negativo no segundo trimestre desse ano.

Na Europa há vários países onde o setor imobiliário em pouco tempo passou de um super-aquecimento (com o valor das casas aumentando rapidamente) para uma crise profunda, como na Espanha ou Grã Bretanha.

Em vários países as montadoras de carros começaram a anunciar demissões em massa de trabalhadores, como na França e Espanha. Na Espanha, a venda de carros caiu 41% só em agosto.

Crescimento temporário nos EUA

Nos EUA, apesar de um temporário surto de crescimento de 3,3% no segundo trimestre, a previsão é que a economia vai desacelerar. Um fator por trás do crescimento foi o efeito da devolução de cem bilhões de dólares de impostos que o governo Bush deu aos consumidores, para tentar sustentar o consumo.

Mas, esse efeito já está passando e o poder de compra dos trabalhadores está caindo, com os preços aumentando mais rápido do que os salários. Além disso, o desemprego deu o maior salto em um mês desde a crise de 1981. Juntando com isso o fato de que a crise do setor imobiliário continua, mostra que a economia estadunidense vai ter grandes problemas pela frente.

Até a China está mostrando sinais de desaceleração, mesmo que seja ainda num patamar alto (com o crescimento da produção caindo de 12% para 10% anuais). A China é altamente dependente do comércio com o exterior. Cerca de 40% da produção é exportada e uma crise internacional vai diminuir os investimentos internacionais na China.

Bush nacionalizando – o mundo de cabeça pra baixo

A crise atual está desmascarando totalmente a hipocrisia da política neoliberal. Um dos pilares da política neoliberal é o “Estado mínimo”, que não se mete no mercado. Diziam que o mercado é a melhor maneira de organizar a produção e distribuição.

Na verdade, eles não queriam que o Estado jogasse o papel de redistribuir renda, usando dinheiro de imposto dos ricos para ajudar os pobres com sistema de saúde, educação e segurança social. Por isso, a política geral era de baixar os impostos, cortar gastos sociais e privatizar.

Mas, quando as empresas estão com problemas, para onde recorrem? Acabam pedindo ajuda ao mesmo Estado. Agora é o pequeno contribuinte que, através dos impostos que paga, vai salvar os super-ricos.

É irônico que Bush, o principal representante dessa política neoliberal, agora é o responsável pelo maior pacote de resgate por parte do Estado na história dos EUA.

As duas empresas gigantes do mercado de empréstimos imobiliários do país, Fannie Mae e Freddie Mac, que juntas têm quase a metade do mercado de 12 trilhões de dólares, estavam à beira da falência por causa da crise imobiliária.

O governo Bush, então, lançou um pacote que pode chegar a 200 bilhões de dólares de ajuda a essas empresas. Na verdade, trata-se de uma nacionalização, ainda que eles não queiram usar essa palavra. Se fosse Chávez assinando o decreto, não haveria dúvida do que ia ser chamado. Mas, mesmo assim, a idéia de Bush é só nacionalizar o prejuízo. Se houver novas chances de lucros ele vai privatizar de novo.

A medida de Bush não tem nada a ver com uma verdadeira estatização que um governo socialista implementaria.

Uma empresa em crise como essas deveria ser transformada em propriedade pública, estatizada, com indenização somente para pequenos acionistas que podem comprovar necessidade. A empresa seria colocada sob o controle e gestão democrática dos trabalhadores e não mais funcionaria sob a lógica do mercado – produzir lucros para uma pequena elite – e sim para satisfazer as necessidades da grande maioria.

Isso poderia ser um primeiro passo de um programa amplo de estatização das grandes empresas, para romper o poder do mercado capitalista, e colocar a grande maioria da economia sob o controle e gestão democrática dos trabalhadores, como parte de uma economia planificada.

Classe dominante sem rumo

A política neoliberal está em crise generalizada e a classe dominante não sabe qual caminho seguir. Poderemos ver um giro mais generalizado de intervenção do Estado na economia. Mas, isso não significa mais concessões para a classe trabalhadora. Trata-se mais de salvar o grande capital de crises ou de outros competidores, enquanto continuam atacando os trabalhadores.

Somente se a classe trabalhadora conseguir ir para a ofensiva é que vai ser possível arrancar concessões mais significativas. Mas, essas vão ser sempre efêmeras enquanto o sistema capitalista, que gera todas essas injustiças, não for derrubado.

Bolhas estourando

Uma característica da crise atual são as bolhas especulativas que estouram, levando a crises repentinas.

O crescimento da última década foi em grande parte baseado em super-exploração dos trabalhadores internacionalmente.

Os capitalistas têm mudado mais e mais a produção para países com salários baixos, como China. Mas esses lucros são em grande parte usados para a especulação, ao invés de investir em produção em prol da maioria.

Junto com isso houve uma desregulamentação do setor financeiro e uma política de rebaixamento dos juros diante de ameaças de crise (quando a bolha da informática estourou em 2001, o Banco Central dos EUA baixou os juros para 1%). Tudo isso levou a um enorme crescimento de créditos baratos que eram usados para mais especulação.

A crise imobiliária dos EUA é um resultado dessa política. Por anos o setor imobiliário podia expandir-se rapidamente, e o constante aumento dos preços das casas dava a impressão de riqueza e abundância também para famílias de trabalhadores, que começaram a consumir muito além da sua renda. Por que se preocupar, se amanhã você podia ir ao banco e fazer um empréstimo com juros ridiculamente baixos, usando sua casa, que valia cada vez mais, como garantia.

No ano passado a bolha do setor imobiliário nos EUA estourou, afetando o sistema financeiro em todo o mundo. Isso afetou a vida de milhões de pessoas que perderam ou correm o risco de perder suas casas.

Os fundos de especulação, em busca de novos mercados, se jogaram com tudo no mercado de commodities (matérias-primas que seguem preços do mercado mundial, como petróleo, trigo, ferro, etc). Isso ajudou a levar os preços de várias matérias-primas para níveis inéditos: os preços do petróleo, da soja, do trigo, etc, subiram rapidamente.

Nas últimas semanas essas bolhas também começaram a estourar. O preço do petróleo, que chegou a 145 dólares por barril, caiu em pouco tempo para abaixo de cem dólares. Quando o nervosismo do mercado fica grande demais, eles buscam investimentos que até podem render menos, mas são mais seguros, como títulos de dívidas do governo estadunidense.